Alergia ao leite de vaca

Alergia ao leite de vaca

1- A alergia à proteína do leite de vaca pode manifestar-se através de lesões na pele com coceira (urticária), diarréia, vômitos e menos freqüentemente por sintomas respiratórios como chiado no peito e espirros.

2- Em torno de 1 em cada 20 lactentes tem alergia ao leite de vaca, sendo que o risco desta doença aumenta em até 40% quando um familiar de primeiro grau (pai ou irmão) são alérgicos.

3- Grande parte dos casos de alergia ao leite de vaca ocorre no primeiro ano de vida, a tolerância a este alimento é muito variável, depende principalmente da herança genética.

4- É uma das poucas alergias onde pode ocorrer a remissão completa do quadro, e desta forma a maioria dos alérgicos ao leite adquirem tolerância a este alimento e seus derivados.

5- Qualquer alimento pode causar alergia, mas um grupo reduzido é responsável por 90% dessas reações nos primeiros anos de vida, entre estes o mais freqüente é o leite de vaca.

6- A alergia à proteína do leite de vaca não deve ser confundida com a intolerância ao açúcar presente no leite (lactose), porque são mecanismos bem diferentes. As manifestações da alergia ocorrem geralmente após introdução do leite de vaca, os sintomas na pele representam as principais manifestações, podendo estar associados sintomas gastrointestinais ou respiratórios. No caso da intolerância à lactose, ocorre uma diminuição intestinal da enzima que atua sobre o açúcar do leite (lactase), comum nos bebês com diarréia grave. Esta intolerância é transitória. Melhorando o quadro gastrointestinal, a quantidade da enzima volta ao normal e a criança volta a tolerar o leite.

7- Na alergia ao leite de vaca as manifestações ocorrem mesmo quando a ingestão é em quantidade mínima.

8- Para realizar o diagnóstico de alergia à proteína do leite de vaca, a história relatada pelos pais é fundamental e orienta a realização de exames complementares que auxiliam no diagnóstico.

9- Na coleta de dados devemos ter informação sobre a lista de alimentos suspeitos, via de exposição (oral, inalatória), intervalo entre a exposição e o aparecimento dos sintomas, duração e especificação destes sintomas, resposta do paciente a tratamentos utilizados e reprodução do quadro alérgico sempre que houver ingestão ou inalação do alimento.

10- Os exames para investigar alergia ao leite de vaca por mecanismo que utiliza anticorpos IgE, podem ser realizados de duas formas. Os testes alérgicos realizados na pele verificam a sensibilização às várias proteínas do leite através da reação na pele do paciente. Os exames realizados retirando o sangue do paciente e verificando os anticorpos IgE específicos no laboratório têm como maior vantagem a segurança, pois os testes na pele podem levar a reações alérgicas, embora isto seja muito raro de ocorrer. As duas modalidades de testes são válidas, o pediatra especialista irá decidir qual deles é mais indicado para cada caso.

11- Alguns pacientes apresentam positividade nos exames, mas quando ingerem o alimento não apresentam reação alérgica. Portanto somente os resultados positivos dos exames não são suficientes para fazer o diagnóstico. O resultado negativo do teste, na grande parte dos casos, afasta a suspeita da alergia ao leite.

12- Os testes realizados em laboratório para determinar a sensibilização às proteínas do leite de vaca também não definem o diagnóstico. A presença isolada dos anticorpos IgE específicos, sem correlação com os sintomas, indica apenas sensibilização mas não podemos afirmar que o leite de vaca seja responsável pela reação alérgica.

13- O diagnóstico da alergia ao leite de vaca não pode ser realizado apenas com exames laboratoriais.

14- O único tratamento para alergia à proteína do leite de vaca é a restrição da ingestão do leite de vaca e seus derivados.

15- As crianças menores precisam um alimento adequado que substitua o leite de vaca e que ofereça quantidades adequadas de nutrientes nesta fase importante do desenvolvimento e o crescimento.

16- A proteína do leite de vaca e a de cabra tem muita semelhança, podendo ter 80% de proteínas similares. Portanto a grande maioria dos casos que é alérgico ao leite de vaca também será ao leite de cabra.

17- Nos primeiros seis meses de vida e quando ocorre inflamação intestinal não está recomendada a utilização de fórmulas a base de proteína de soja. Em torno de 30% dos alérgicos ao leite de vaca desenvolve alergia à soja.

18- Portanto o tratamento deve ser realizado com fórmulas hipoalergênicas (extensamente hidrolisadas). Nestas fórmulas, as proteínas do leite estão fracionadas em 90%, diminuindo as possibilidades de causar alergia. Nos casos mais graves necessitamos utilizar fórmulas não alergênicas (estas não contém proteínas intactas, mas somente aminoácidos), desta forma evitamos quaisquer reações alérgicas.

19- Orientações para os familiares devem incluir informação sobre os derivados do leite, leitura detalhada de rótulos dos produtos industrializados, ingredientes que podem conter leite de vaca (alfacaseína, betacaseína, caseinato, alfalactoalbumina, hidrolisados, betalactoglobulina, aroma de queijo, lactulose, lactose presente em medicamentos).

20- O aleitamento materno exclusivo, por pelo menos quatro meses, quando comparado às fórmulas habituais, diminui a incidência de alergia ao leite de vaca nos dois primeiros anos de vida. Não existem justificativas de que a dieta de restrição da mãe, na gestação e na amamentação, possa prevenir o surgimento de alergias alimentares. A restrição do leite materno somente será considerada se houver reações comprovadamente alérgicas no lactente que estiver sendo amamentado.

Fonte:Departamento de Alergia e Imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria

Alimentação para crianças de 4 e 5 anos

Alimentação para crianças de 4 e 5 anos

Vivemos novos tempos na alimentação infantil. Esse estilo de vida moderno nos levou à necessidade de refeições práticas e rápidas que, associadas às facilidades tecnológicas, provocaram alterações nos hábitos de vida e no comportamento alimentar de todos.

Essa alteração nos costumes alimentares provocou mudanças no estado nutricional das crianças, melhorando os índices de desnutrição, mas deixou-as mais suscetíveis à obesidade, diabetes e hipertensão arterial, entre outras doenças da modernidade.

Algumas medidas preventivas podem ser adotadas desde a infância, com o propósito de evitar o desenvolvimento destas doenças. Entre elas, destacamos:

  • estímulo ao aleitamento materno como fonte de alimento exclusivo nos primeiros seis meses de vida;

  • combate ao sedentarismo e estímulo à prática de atividades físicas, preferencialmente ao ar livre;

  • controle do ganho excessivo de peso, para evitar o sobrepeso e a obesidade;

  • alimentação baseada nas “leis da boa nutrição”: qualidade, quantidade, harmonia e adequação.

Alimentação no pré-escolar

A idade pré-escolar, de dois a seis anos, é considerada uma fase de extrema importância, tanto no que diz respeito ao processo de maturação biológica quanto ao desenvolvimento sociopsicomotor. Além disso, nesta idade a criança começa a criar sua independência e a formar seus hábitos alimentares para toda vida.

Na escola, a criança vai estabelecer seu primeiro contato com refeições fora de casa. Esse contato pode expor a criança a alimentos que, até então, não faziam parte de suas refeições diárias, como doces, balas, bebidas de alto valor calórico e baixo valor energético e outras guloseimas.

É importante que escola e família participem da educação alimentar das crianças, criando atitudes positivas frente aos alimentos e à alimentação; encorajar a aceitação da necessidade de uma alimentação saudável e diversificada, e fazer a criança entender a relação entre a alimentação e a saúde, desenvolvendo hábitos alimentares saudáveis.

Quais os segredos para atingir esses objetivos?

  • Horário para refeições: criar o hábito do café da manhã, almoço e jantar em família certamente irá melhorar o relacionamento familiar, além de propiciar um modelo de comportamento para os filhos. Ninguém vai obrigar o filho a tomar suco de laranja e ao mesmo tempo servir-se de um refrigerante.

  • Contexto familiar, atitudes e estratégia dos pais: as crianças aprendem a respeito do alimento não somente por suas experiências, mas também observando os outros. A família fornece amplo campo de aprendizagem, no qual a alimentação se torna um dos principais focos de interação entre pais e filhos. Os pais e familiares devem cuidar para não criar um ambiente propício à alimentação excessiva ou um estilo de vida sedentário. Pais que comem demais, muito rápido ou ignoram os sinais de saciedade oferecem um pobre exemplo aos seus filhos.

  • Coação e Punição. Estudos sugerem que os alimentos com baixa palatabilidade (como os vegetais) são oferecidos normalmente envolvendo coação e punição para a criança comer. Já os alimentos ricos em açúcar, gordura e sal são oferecidos em um contexto positivo (como recompensa ou em festas), aumentando a preferência por estes. Na medida em que as crianças são pressionadas a comer um determinado alimento que os pais acreditam ser bom para elas, diminui a sua preferência por aquele alimento rico em açúcar e gorduras.

  • Sensação da fome e saciedade. Come, come, come… até quanto? Quem determina quanto? Meio prato ou um prato? A criança precisa desenvolver os sentidos de fome e saciedade. Por exemplo, quando a criança fala que não quer mais comer porque está satisfeita, e os pais dizem “termine o que está no prato”, fica claro para a criança que a sua sensação de saciedade não é relevante para a quantidade de comida que ela precisa consumir.

  • Exposições repetidas aos alimentos de forma divertida e educativa. Não desanime com uma primeira reação negativa ao alimento. Ofereça o mesmo alimento em outra apresentação. Por exemplo: espinafre refogado ou omelete de espinafre ou torta de espinafre ou quiche de espinafre com ricota. Use sua criatividade.

  • Mídia, propaganda e amizades. A tendência das preferências alimentares das crianças conduz ao consumo de alimentos com quantidade elevada de carboidrato, açúcar, gordura e sal, seguido de baixo consumo de vegetais e frutas. Essa tendência é originada na socialização alimentar da criança e, em grande parte, depende dos padrões da cultura alimentar do grupo social ao qual ela pertence.

  • Autoridade, regras e limites. Nunca substitua uma refeição por mamadeiras ou alimentos fora do contexto, como bolos, biscoitos e chocolates. Esses alimentos, além de não fornecerem todos os nutrientes desejados, irão saciar a fome da criança e prejudicar seu apetite para a próxima refeição. Criança com fome come!

Algumas dicas

  • Muita cor e diversão. Ofereça à criança cardápios coloridos e servidos de forma divertida. Você pode criar desenhos ao servir a comida no prato.

  • Tolere um pouco de “bagunça” à mesa. Deixe a criança pegar os alimentos com a mão e brincar com eles. Com esse comportamento, ela desenvolve uma atitude de cumplicidade com o alimento. Na fase pré-escolar ela está aprendendo a usar os cinco sentidos e os alimentos são uma boa e saudável fonte de descobertas.

  • Brinque, você também, com a comida. Se seu filho já cresceu um pouquinho, leve-o para a cozinha e mostre como cozinhar pode ser divertido. Faça pratos coloridos e monte formas variadas como bolinhos, tortas, enrolados, panquecas e por aí vai. Solte a sua imaginação!

  • Receitas para variar o cardápio. Misture alimentos que a criança gosta com outros que ela ainda não conhece. Alguns pratos normalmente fazem a alegria das crianças e ajudam a diversificar as refeições: omeletes servidas com seleta de legumes e arroz; as tradicionais e saborosas tortas de liquidificador, recheadas com carne ou frango e quatro tipos de legumes; panquecas recheadas com carne moída, mandioca cozida e picada, vagem em tiras e tomates em cubos (depois de enroladas, polvilhe queijo ralado e gratine no forno).

Fazer boas escolhas alimentares é um processo complexo e tem consequências a curto e longo prazo para a saúde. Não é fácil, mas uma educação alimentar bem feita na infância fará de seus filhos adultos mais saudáveis, vivendo com mais qualidade.

Fonte:Sociedade Brasileira de Pediatria

O que faz uma criança feliz? 

O que faz uma criança feliz?

A SBP e o Instituto Datafolha ouviram 1.525 crianças brasileiras de 4 a 10 anos, de todas as classes econômicas, em 131 municípios. O trabalho foi realizado com base no instrumento de avaliação de qualidade de vida AUQEI e o desenho amostral elaborado com base no Censo de 2010 (IBGE). A pesquisa sobre estados emocionais foi quantitativa, com abordagem domiciliar. Teve como objetivo conhecer mais profundamente os desejos e necessidades dos pacientes pediátricos, para que seu médico possa, cada vez melhor, orientar as famílias nas consultas.

As crianças responderam uma questão aberta: “O que você mais gosta de fazer quando não está na escola?”. Além disso, foram propostas 26 situações, para que utilizando uma escala visual de cinco pontos (cartão “de carinhas”), manifestassem seu estado de alegria ou tristeza frente a cada uma. A criança respondeu na presença do responsável, após sua autorização.

O que sentem? Do que gostam?

O que deixa a criança “muito alegre” e “alegre” é o dia do seu aniversário (96% das respostas), praticar esporte (94%), brincar com os amigos (92%), as férias escolares (91%), assistir TV (90%). A situação na qual se sente “muito triste” e “triste” (71%) é ficar longe da família.

Mas independente da natureza, os primeiros lugares ficaram com jogar bola (33%), brincar de boneca/boneco (28%) e assistir TV (26%). Andar de bicicleta veio a seguir, com 19%. O pega-pega ficou 17%. Empataram, com 14 % das preferências, o esconde-esconde, brincar de carrinho e video game. Na sequência, estão brincar de casinha (10%) e no computador (9%). Apareceram também soltar pipa e desenhar/pintar (6%), pular corda (5%), brincar de corrida, com brinquedos (sem especificar qual), animal de estimação e estudar (4%).

Dicas para as famílias

. O principal é o carinho.

– O que faz a criança feliz não é o brinquedo, é brincar, é conviver com a família e amigos. Os pequenos não são consumistas.

. O núcleo familiar proporciona sensações alegres e prazerosas

– Fica clara a grande importância dada pelas crianças ao convívio – tão decisivo para o seu desenvolvimento emocional e cognitivo -, não apenas com a família nuclear, mas também a “estendida”.

– 87% dos entrevistados se definem como “alegres” ou muito alegres” quando estão com os avós, na mesa com a família e quando pensam na mãe.

– 83% se dizem também “alegres” ou “muito alegres” quando brincam com os irmãos e 78% quando pensam nos pais.

. Criança gosta de estar com criança. Até por isso fica tão feliz no aniversário.

– 47% dos entrevistados informaram que ficam “tristes” ou “muito tristes” quando brincam sozinhos. A convivência deve ser incentivada.

. As brincadeiras tradicionais trazem mais alegria.

 Apesar da forte presença da TV e dos eletrônicos em geral (o computador é importante principalmente entre os mais velhos), não apenas ainda existe o Brasil das brincadeiras tradicionais, como essas ainda trazem mais alegria do que as propostas mais atuais de diversão/lazer. É importante incentivá-las.

– Brincadeiras de rua, apesar das limitações impostas pela violência urbana, e mesmo que não praticadas, estão em primeiro lugar no desejo das crianças.

. TV, computador e falta de outras opções.

– Em geral, a criança se volta para o brinquedo eletrônico quando está sozinha. Mas se for oferecida uma alternativa, prefere.

– Os eletrônicos entram na vida da criança muito cedo e ganham espaço excessivo quando faltam alternativas. Os pequenos acabam se acostumando, adquirindo o hábito.

– É preciso oferecer outras experiências, criar mecanismos para que possam fazer atividades apropriadas à faixa etária.

. É muito importante que as crianças, desde pequenas, sejam incentivadas à pratica esportiva e demais bons hábitos.

. Atividades individuais são um pouco mais comuns (85%) que as sociais (74%) – mas essas devem também ser incentivadas, pois criam sentido de sociedade, compartilhamento, ganhar e perder, respeitar, características importantes, que surgem para as pessoas no seu crescimento e desenvolvimento através das brincadeiras.

. As crianças brasileiras têm uma imagem de si mesmas atual e futura muito boa e com confiança.

– A maioria fica alegre quando vê uma fotografia sua (86% alegria) e quando se imagina adulta (87%).

. O futuro é bem-vindo.

– 87% dos entrevistados ficam “alegres” ou “muito” quando pensam em si mesmos como pessoas grandes. A situação foi proposta para os que têm entre seis e 10 anos