Por que é importante ir ao médico mesmo sem estar doente

Já é algo corriqueiro: por mais que nos planejemos direitinho para fazer aquele check-up anual, retornar ao médico após uma consulta de praxe ou realizar exames para checagem de taxas, outros compromissos acabam atrapalhando essas ideias. Comumente, costumamos ir ao médico apenas em casos urgentes – o que, às vezes, torna os sintomas muito mais fortes quando chegam as patologias.

Porém, é consenso médico que fazer consultas periódicas pode, além de prevenir as doenças, impedir o avanço de um quadro patológico, como no caso de doenças crônicas. O acompanhamento também ajuda a entender melhor o funcionamento do seu corpo para as mais diversas demandas (como quantidade de sono, de nutrientes, exercícios etc.), por meio de exames como colesterol, glicemia, hemograma e outros. Para adultos, essa checagem deve ser feita anualmente; para idosos, a cada seis meses; para pacientes crônicos, de três em três meses (ou de acordo com a orientação médica).

Para quem costuma tomar analgésicos com frequência, por causa de dores nas costas ou de cabeça, por exemplo, também é importante ficar atento: o uso constante de medicação pode afetar o funcionamento do fígado e dos rins e ainda mascarar indícios de patologias mais sérias. No caso de histórico de doenças crônicas na família também é preciso redobrar a atenção: nesse caso, o grande trunfo dos médicos é saber, previamente, o que pode acontecer com o seu corpo. Cuidados com a imunidade, que quando baixa abre as portas para diversos males, também são estimulados nas consultas periódicas – podendo ser feito um tratamento unicamente com esse intuito, caso o paciente apresente patologias como dores de garganta com frequência.

É necessário usar a ciência a nosso favor: ir ao médico com a frequência correta é também acompanhar os avanços médicos, novos tratamentos e aprender sobre autocuidado. Portanto, cartão de vacinação e check-up atualizados, hein?! Dessa forma, a chance de você só precisar ir ao médico ocasionalmente aumenta – e o tempo, energia e saúde para os outros compromissos também.

Sarampo: sintomas, transmissão e prevenção

Sintomas

Os sintomas iniciais apresentados pelo doente são: febre acompanhada de tosse persistente, irritação ocular, coriza e congestão nasal e mal estar intenso. Após estes sintomas, há o aparecimento de manchas avermelhadas no rosto, que progridem em direção aos pés, com duração mínima de três dias. São comuns lesões muito dolorosas na boca. A doença pode ser grave, com acometimento do sistema nervoso central e pode complicar com infecções secundárias como pneumonia, podendo levar à morte. As complicações atingem mais gravemente os desnutridos, os recém-nascidos, as gestantes e as pessoas portadoras de imunodeficiências.

Transmissão

A transmissão ocorre diretamente, de pessoa a pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração, por isso a facilidade de contágio da doença. Além de secreções respiratórias ou da boca, também é possível se contaminar através da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados como escolas e clínicas. A doença é transmitida na fase em que a pessoa apresenta febre alta, mal-estar, coriza, irritação ocular, tosse e falta de apetite e dura até quatro dias após o aparecimento das manchas vermelhas.

Prevenção

A suscetibilidade ao vírus do sarampo é geral e a única forma de prevenção é a vacinação. Apenas os lactentes cujas mães já tiveram sarampoou foram vacinadas possuem, temporariamente, anticorpos transmitidos pela placenta, que conferem imunidade geralmente ao longo do primeiro ano de vida (o que pode interferir na resposta à vacinação). Com o reforço das estratégias de vacinação, vigilância e demais medidas de controle que vêm sendo implementadas em todo o continente americano desde o final dos anos 90, o Brasil e os demais países das Américas vêm conseguindo manter suas populações livres da doença. Atualmente, há o registro de casos importados que, se não forem adequadamente controlados, podem resultar em surtos e epidemias. Os principais grupos de risco são as pessoas de seis meses a 39 anos de idade. Dentre os adultos, os trabalhadores de portos e aeroportos, hotelaria e profissionais do sexo apresentam maiores chances de contrair sarampo, devido à maior exposição a indivíduos de outros países que não adotam a mesma política intensiva de controle da doença. As crianças devem tomar duas doses da vacina combinada contra rubéolasarampo e caxumba (tríplice viral): a primeira, com um ano de idade; a segunda dose, entre quatro e seis anos. Os adolescentes, adultos (homens e mulheres) e, principalmente, no contexto atual do risco de importação de casos, os pertencentes ao grupo de risco, também devem tomar a vacina tríplice viral ou dupla viral (contra sarampo e rubéola).

Febre Amarela: causas, sintomas, diagnóstico, prevenção e tratamento

O que é febre amarela

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores, e possui dois ciclos de transmissão: silvestre (quando há transmissão em área rural ou de floresta) e urbano. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa. A febre amarela tem importância epidemiológica por sua gravidade clínica e potencial de disseminação em áreas urbanas infestadas pelo mosquito Aedes aegypti.

Sintomas

clique para ampliarfebre amarela sintomas febre dores nauseas fadiga hemorragia

Os sintomas iniciais da febre amarela incluem o início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença.

Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal) e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem doença grave podem morrer.

Depois de identificar alguns desses sintomas, procure um médico na unidade de saúde mais próxima e informe sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas, e se você observou mortandade de macacos próximo aos lugares que você visitou. Informe, ainda, se você tomou a vacina contra a febre amarela, e a data.

 

Transmissão

O vírus da febre amarela é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados. A doença não é passada de pessoa a pessoa. A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da doença.

Há dois diferentes ciclos epidemiológicos de transmissão, o silvestre e o urbano. Mas a doença tem as mesmas características sob o ponto de vista etiológico, clínico, imunológico e fisiopatológico. No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata. No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados.

Infográfico ciclo de transmissao da febre amarela

É importante informar que o ciclo da doença atualmente é silvestre, com transmissão por meio de vetor (mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes no ambiente silvestre). O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942, e todos os casos confirmados desde então decorrem do ciclo silvestre de transmissão.

A pessoa apresenta os sintomas iniciais 3 a 6 dias após ter sido infectada.

 

Tratamento

O tratamento é apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para reduzir as complicações e o risco de óbito. Medicamentos salicilatos devem ser evitados (AAS e Aspirina), já que o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. O médico deve estar alerta para quaisquer indicações de um agravamento do quadro clínico.

 

Diagnóstico

Somente um médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a doença.

 

Prevenção

Frasco dose vacina febre amarela

O Sistema Único de Saúde oferta vacina contra febre amarela para a população. Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Toda pessoa que reside em Áreas com Recomendação da Vacina contra febre amarela e pessoas que vão viajar para essas áreas deve se imunizar.

A vacinação para febre amarela é ofertada na rotina dos municípios com recomendação de vacinação.

Áreas de risco

Locais que têm matas e rios, onde o vírus e seus hospedeiros e vetores ocorrem naturalmente, são consideradas como áreas de risco. No Brasil, no entanto, a vacinação é recomendada para as pessoas a partir de 9 meses de idade conforme orientações para vacinação e que residem ou se deslocam para os municípios que compõem a Área Com Recomendação de Vacina.

10 doenças comuns no verão

O calor e a umidade do verão brasileiro propiciam o surgimento ou o aumento do número de casos de algumas doenças sistêmicas e de pele.

“A combinação de sol, suor, água do mar ou da piscina e corpo mais exposto, devido ao uso de menos roupas, faz com que haja uma maior suscetibilidade a males que no resto do ano não são tão recorrentes. Além disso, o clima é propício para a proliferação de vetores de doenças, como os mosquitos, e de agentes etiológicos, como fungos e bactérias”, explica Joana D’arc Gonçalves, infectologista da Aliança Instituto de Oncologia.

Com medidas de autocuidado, como atenção à alimentação e à hidratação, busca por informação correta sobre saúde e manutenção de bons hábitos de higiene e uso responsável de medicamentos, é possível evitar ou minimizar os danos de tais condições.

A infectologista Joana, o clínico geral Luiz Henrique Gonçalves Palma, do Hospital São Luiz Jabaquara, e a dermatologista Valeria Stagi, do Hospital Oeste D’Or, elencam as doenças mais comuns no verão e esclarecem o que cada um de nós pode fazer no dia a dia para evitá-las.

Micoses

“Micoses são causadas por fungos, que gostam de ambientes quentes e úmidos para se proliferar. O verão é o momento ideal para isso”, afirma Luiz Henrique. As micoses mais comuns são as frieiras entre os dedos dos pés e a dermatofitose, que acomete áreas de dobras, especialmente na virilha, nas axilas e no pescoço. Suas características são o surgimento de manchas brancas ou avermelhadas e a intensa sensação de coceira no local.

A melhor maneira de evitar as micoses é tendo o cuidado de manter a pele sempre seca. Ao sair da piscina ou do mar, enxugar bem o corpo com uma toalha limpa e, se possível, trocar o biquíni, maiô, sunga ou bermuda que estiver usando por peças secas. Se o problema for suor, o ideal é retirar o excesso de umidade da pele com lenços de tecido ou de papel e dar preferência às roupas de tecidos naturais, como o algodão, que permitem que a pele “respire”.

Caso as micoses surjam, elas podem ser tratadas com talcos e cremes ou pomadas antifúngicos, facilmente encontrados em farmácias. O auxílio médico é importante para ter certeza do diagnóstico. Além disso, se os sintomas persistirem após o uso dos produtos, o médico deve ser consultado.

“Micose de praia”

A pitiríase versicolor, também chamada de micose de praia, é causada por fungos e caracterizada por pintinhas brancas no corpo, principalmente nas costas.

O calor e a umidade levam à condição, mas há um fator genético envolvido. É o que conta a dermatologista Valeria: “Tem que ter a predisposição natural para desenvolver pitiríase versicolor. Clima quente e úmido faz com que ela apareça, mas apenas em determinadas pessoas. É por isso que algumas jamais manifestam a doença, enquanto outras se deparam com ela verão após verão. O fungo ‘gosta’ de um determinado tipo de pele”.

Por ser genética, é difícil evitar a pitiríase versicolor, mas é possível lidar com ela com tranquilidade a partir do momento em que se sabe o que é. O tratamento é feito com antifúngico tópico ou oral. Um dermatologista pode indicar como ele deve ser administrado, porque, como Valeria destaca, “a área da pele afetada é maior do que a área das manchas”.

Desidratação

O suor e a exposição ao sol (mesmo que não haja sudorese aparente) fazem o corpo perder muito líquido no verão. Na correria do dia a dia ou no ânimo da curtição na praia e na piscina, muitos não se dão conta disso e acabam ficando desidratados a ponto de precisar recorrer a um serviço hospitalar de emergência para se recuperar.

Isso pode ser evitado com um autocuidado muito simples: beber água, muita água. Os especialistas recomendam a ingestão de pelo menos três litros ao longo do dia no verão e nos dias mais quentes das outras estações do ano.

Insolação

A exposição excessiva e desprotegida ao sol, especialmente nos horários em que seus raios ultravioletas estão mais fortes (das 10h às 16h), pode levar à isolação. Seus sintomas são o aumento da temperatura corporal – que pode chegar a 40°C -, febre, náuseas, diarreia e vômitos.

Evitar a insolação é muito fácil. Basta se proteger adequadamente do sol, com chapéus ou bonés e roupas que cubram boa parte do corpo, e evitar ficar sob ele nos horários críticos. Manter-se bem hidratado também é fundamental.

Queimaduras

Mais uma vez, a exposição desprotegida ao sol é a grande vilã do corpo no verão. As queimaduras ocorrem pela falta do uso do protetor solar e por permanecer sob o sol das 10h às 16h, horários de maior incidência dos raios UVA e UVB.

Dependendo do grau de exposição, as queimaduras podem ser de primeiro grau, caracterizadas pela vermelhidão da pele, e de segundo grau, quando surgem bolhas. Também há as fitofotodermatoses, que são manchas escuras causadas pela combinação de caldo de limão (ou outra fruta cítrica) ou perfume sobre a pele e exposição ao sol.

O protetor solar e a higienização correta da pele são seus melhores amigos para as queimaduras não terem vez. Em creme ou loção, o protetor deve ser aplicado sobre a pele diariamente, mesmo que você vá ficar em seu dia a dia normal de trabalho, já que os raios do sol estão presentes em todos os lugares, e reaplicado a cada duas horas.

Além disso, quando precisar lidar com limão, deve lavar muito bem as mãos e o rosto após o contato. E nunca passe perfume para ir à praia ou à piscina.

Intoxicação alimentar

Os agentes causadores da intoxicação alimentar – bactérias, vírus e parasitas – também têm preferência pelo clima quente para se proliferarem. Eles se instalam com mais facilidade em carnes cruas ou brancas (peixe e frango) e ovos, mas se espalham rapidamente pelos outros alimentos no calor. Seus sintomas são náuseas, cólicas estomacais, vômito e diarreia.

“Para evitar uma intoxicação alimentar, é preciso ter bastante cuidado ao comer no verão, principalmente fora de casa”, adverte Joana. “Os fatores a serem analisados ao ir a um restaurante por quilo, por exemplo, são o tempo de exposição da comida e quantas pessoas já passaram por ela. É normal que conversem enquanto fazem seus pratos na fila, espalhando os agentes de contaminação sobre os alimentos. Se der para evitar ir ao local depois de muitas horas que ele estiver aberto, é melhor”, completa. E, em casa, ter o cuidado de sempre manter os alimentos bem acondicionados e refrigerados.

Bicho geográfico

A Larva migrans, também conhecida popularmente por bicho geográfico, é uma doença que vai deixando um risco irregular pelo corpo, como se fosse o contorno de um mapa – daí seu apelido popular.

A forma mais comum de pegar bicho geográfico é pelo contato de uma frieira ou ferida com a areia contaminada por larvas presentes nas fezes do cão ou do gato. Seu tratamento é simples, feito com o uso de uma pomada antiparasitária controlada (com tarja vermelha).

Prevenindo frieiras e feridas, evita-se o bicho geográfico, pois com a pele íntegra não haverá porta de entrada para a larva. E, se você for dono de cães e gatos, procure levá-lo regularmente ao veterinário para certificar-se de que o animal não tenha parasitas.

Dengue

Ano após ano, a dengue é uma preocupação no Brasil. O mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão da doença, gosta de água parada para botar seus ovos e desenvolver suas larvas. Como nosso verão é bastante chuvoso, a formação de poças e o acúmulo de água em locais como pratinhos de plantas e pneus vazios é recorrente – e um convite para o Aedes.

Os bons hábitos de higienização são a melhor prevenção contra a dengue. Nenhuma água parada deve ser tolerada, tudo deve ser seco após chuvas ou banhos de mangueira. Nos tratos pessoais, Joana recomenda: “Use roupas leves e claras, porque o mosquito tem preferência por tecidos escuros, e passe repelente em todo o corpo”.

Otite

Após mergulhos no mar ou na piscina, o conjunto auditivo molhado facilita a entrada de bactérias e vírus causadores da otite, uma infecção que provoca dor de ouvido e, em casos mais severos, febre e vômito.

O ideal para evitá-la é usar protetores auriculares ao entrar na água. Como nem sempre isso é possível, deve-se secar a região com cotonetes assim que sair do mar ou da piscina, tornando a região menos amistosa aos agentes.

Teste da orelhinha

O teste da orelhinha é um teste obrigatório por lei que deve ser feito ainda na maternidade, nos bebês para avaliar a audição e detectar precocemente algum grau de surdez no bebê. Este teste é gratuito, fácil e não machuca o bebê, sendo feito durante o sono.

O teste é feito através da colocação de um aparelho específico na orelha do bebê para detectar problemas auditivos, como a surdez, que dificultam a fala e aprendizagem da criança. Se o teste da orelhinha detectar algum problema, o bebê é encaminhado para o médico otorrinolaringologista, que irá orientar o melhor tratamento para o problema diagnosticado.

Quem precisa fazer o teste da orelhinha

Segundo a orientação do ministério da saúde, todos os bebê que nascem no hospital precisam realizar o teste da orelhinha, também chamado de triagem auditiva neonatal, ainda na maternidade, nos primeiros dias de nascido.

O teste deve ser feito, de preferência, no 2º ou 3º dia de vida do bebê, mas também pode ser realizado em qualquer idade caso os pais ou o pediatra desconfiem que a criança não escuta bem porque ela não reage aos sons.

O bebê que tem um maior risco de ter o teste de orelhinha alterado são aqueles que:

  • Nasceram prematuros, antes das 38 semanas de gestação;
  • Apresentam algum caso de surdez na família;
  • Ficaram mais de 5 dias internados na UTI ou que ficaram internados e precisam de respirar com a ajuda de aparelhos, tomaram antibióticos, diuréticos ou aminoglicodídeos;
  • Nasceram com menos de 1,5kg;
  • Apresentam alguma síndrome como Waardenburg, Alport, Pendred ou alteração como o lábio leporino;
  • Quando a mãe teve alguma infecção durante a gravidez como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis ou HIV;
  • Em caso de mal formação envolvendo a orelha ou ossos da face;
  • Se o bebê teve alguma das doenças ao nascer: citomegalovírus, herpes, sarampo, varicela e meningite;
  • Se o bebê sofreu traumatismo craniano;
  • Se o bebê faz quimioterapia.

O teste deve ser realizado nas duas orelhas e pode ser repetido após 30 dias.

O que fazer se o teste da orelhinha der alterado

O teste pode dar alterado em apenas uma orelha, quando o bebê apresenta líquido no ouvido, que pode ser o líquido amniótico. Nesse caso, deve-se repetir o teste após 1 mês.

Quando o médico identifica alguma alteração nas duas orelhas, ele poderá indicar imediatamente que os pais levem o bebê ao otorrinolaringologista ou fonoaudiologista para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento. Além disso pode ser preciso observar o desenvolvimento do bebê, tentando perceber se ele ouve bem. Aos 7 e 12 meses de idade, o pediatra pode realizar novamente o teste da orelhinha para avaliar como está a audição do bebê.

A tabela a seguir indica como se dá o desenvolvimento auditivo da criança:

Idade do bebê O que ele deve fazer
Recém nascido Se assusta com sons fortes
0 a 3 meses Se acalma com sons moderadamente fortes e músicas
3 a 4 meses Presta atenção nos sons e tenta imitar sons
6 a 8 meses Tenta descobrir de onde vem o som; fala coisas como ‘dada’
12 meses começa a falar as primeiras palavras, como mamã e entende ordens claras, como’ dá tchau’
18 meses fala, pelo menos, 6 palavras
2 anos fala frases usando 2 palavras como ‘ qué água’
3 anos fala frases com mais de 3 palavras e quer dar ordens

A melhor forma de saber se o bebê não escuta bem é levá-lo ao médico para realizar exames. No consultório médico o pediatra poderá realizar alguns testes que evidenciam que a criança possui alguma deficiência auditiva e se esta for confirmada, poderá indicar o uso de um aparelho auditivo que pode ser feito sob medida.

O que é Câncer de mama?

O que é o câncer de mama?

O câncer de mama representa o principal tipo de câncer na mulher. Este geralmente apresenta um bom índice de cura, principalmente quando diagnosticado em sua fase precoce.
Geralmente o tumor se inicia na mama, pode atingir a axila e até mesmo aparecer em outros órgãos, fato que chamamos de metástases.
A extensão do tumor determina a forma de tratamento. Assim estimula-se a medidas de autocuidado da mama como o autoexame e a mamografia.

Quais os principais fatores de risco?

Os principais fatores de risco constituem o sexo feminino, a idade (> 50 anos), história familiar (primeiro ou segundo grau direto) ou pessoal: ausência de filhos, primeira gravidez após os 30 anos, uso de hormônios externos, consumo de álcool, doença mamária prévia, radiação torácica e obesidade.
Geralmente a possibilidade da população geral de desenvolver câncer de mama é de 1 em cada 10 mulheres ao longo de suas vidas, porém outro número a se considerar é que em geral a taxa anual é de 50 casos para cada 100.000 mulheres/ ano. O câncer de mama também acomete os homens, no entanto é raro, representando apenas cerca de 1% dos casos.
A associação de riscos eleva a possibilidade de câncer, mas esta não é uma condição absoluta. É necessário saber que riscos existem, porém deve-se principalmente ficar atento aos cuidados com a mama.

Quais são os sinais e sintomas?

Geralmente o câncer de mama aparece como uma massa ou tumoração palpável Esse material é encaminhado para a biópsia a fim de confirmar o diagnóstico. O fato é que nem toda a massa é câncer, porém na presença de uma massa ou tumoração mamária a mulher deve procurar um ginecologista ou mastologista.
Outros sintomas menos frequentes constituem o endurecimento mamário, a presença de secreção pelo mamilo com aspecto de água de rocha ou sangue e o aparecimento de gânglios axilares.

Como prevenir este tipo de câncer?

A melhor maneira de se prevenir constitui a realização de medidas de autocuidado da mama. Assim sugere-se a realização do autoexame da mama mensalmente, o qual deve ser realizado pelo menos uma semana após o período menstrual. Na presença de alguma anormalidade, um médico deverá ser procurado.
A principal maneira de se prevenir o câncer de mama é a realização do exame de mamografia. Esse exame favorece o diagnóstico precoce e a elevação nas taxas de cura. Assim sugere-se a realização do exame de mamografia de maneira regular (anualmente) a partir dos 40 anos de idade.

Como é o tratamento?

O tratamento é multidisciplinar. Assim geralmente a mulher será tratada com um cirurgião, um oncologista clínico e um radio-oncologista. A ordem do tratamento depende das condições em que o tumor foi diagnosticado.
No que se refere ao tratamento cirúrgico pode-se retirar toda a mama ou parte dela, da mesma forma que na axila, onde pode-se realizar a retirada de um linfonodo (linfonodo sentinela), ou a retirada de todos os linfonodos. O tratamento depende das características do tumor quando se realizou o diagnóstico.
No que se refere a oncologia clínica, a paciente poderá ser submetida a um tratamento após a cirurgia (tratamento adjuvante), ou antes da cirurgia (tratamento neoadjuvante). Da mesma forma pode ser submetida a quimioterapia, hormonioterapia e tratamento alvo-específico. Tudo depende das características do tumor.
O mais importante a se saber sobre o tratamento constitui o fato que este se tornou multidisciplinar e multimodal (com a participação de vários profissionais), fato este que tem elevado as taxas de cura.

Dengue saiba tudo sobre a doença

Dengue

O que é?

É uma infecção causada por um vírus, que apresenta quatro sorotipos diferentes, DENV1, DENV2, DENV3, DENV4. Quem contrair dengue causada por um sorotipo não estará imune aos outro três.

Os sintomas febre, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas na pele.

A doença pode evoluir para uma forma mais grave e ocasionar sangramento na pele, mucosas, orgãos internos e até levar à morte.

Como se transmite?

A dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectada com o vírus. A principal medida é eliminar os criadouros do mosquito.

Diagnóstico

É realizado por exames laboratoriais ou pela avaliação dos sinais e sintomas apresentados e pela presença da pessoa em áreas com detecção do mosquito transmissor ou com casos de dengue nos 14 dias anteriores ao ínicio do quadro.

Tratamento

Não existe medicamento específico contra a dengue, mas os sintomas podem ser aliviados com o uso de remédios para dor ou febre, prescritos pelo médico.

Para prevenir o agravamento da doença, é importante ingerir bastante líquido.

Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (Aspirina, Melhoral, AAS) e anti-inflamatórios, pois podem aumentar o risco de hemorragias.

O Mosquito

Aedes aegypti

O mosquito transmissor do vírus da dengue, zika e chikungunya é o Aedes aegypti. Ele se caracteriza pelo tamanho pequeno, cor marrom médio e por nítida faixa curva branca de cada lado do toráx. Nas patas, apresenta listras brancas.

Quais os hábitos dele?

Aedes aegypti vive de 35 a 45 dias, alimenta-se, reproduz-se e põe ovos durante o dia. As fêmeas do mosquito picam as pessoas, pois precisam de sangue para amadurecerem os ovos. É nesse momento que pode ocorrer a transmissão das doenças, pois as fêmeas podem estar infectadas pelos vírus.

Ciclo de Reprodução

A fêmea deposita até 100 ovos nas paredes internas de recipientes que tenham ou que possam acumular água parada, onde podem durar até um ano e meio. Em contato com a água, os ovos desenvolvem-se rapidamente em larvas, que dão origem às pupas. Delas, surge o adulto num ciclo de, aproximadamente, 7 dias.

O que fazer?

  • Evite usar pratos nos vasos de plantas. Se usar, coloque areia até a borda;
  • Guarde garrafas com o gargalo virado para baixo;
  • Mantenha lixeiras tampadas;
  • Deixe os tanques utilizados para armazenar água sempre vedados, sem qualquer abertura, principalmente as caixas d’água;
  • Plantas como bromélias devem ser evitadas, pois acumulam água.
  • Trate a água da piscina com cloro e limpe-a uma vez por semana;
  • Mantenha ralos fechados e desentupidos;
  • Lave com escova os potes de comida e de água dos animais, no mínimo uma vez por semana;
  • Retire a água acumulada em lajes;
  • Dê descarga, no mínimo uma vez por semana, em vasos sanitários pouco usados e mantenha a tampa sempre fechada;
  • Evite acumular entulho, pois podem se tornar criadouros do mosquito.
  • Para mais informações, procure a Secretaria de Saúde do seu munícipio.

Como identificar sinais de atraso de fala

Como identificar sinais de atraso de fala

Demora no diagnóstico do atraso da fala pode causar problemas futuros

A falta de atenção de pais e pediatras podem causar sérios danos a audição das crianças que apresentam dificuldades alterações no desenvolvimento da linguagem oral. Por não perceberem os sinais de atraso na fala nos dois primeiros anos de vida da criança, os pais só recorrem ao tratamento adequado quando os sintomas são bem mais fortes e podem estar relacionados a outros distúrbios. Diagnósticos equivocados, e costumes de esperar com que as crianças desenvolvam a fala naturalmente, podem causar danos irreparáveis na infância ou acompanhar o indivíduo para o resto de sua vida.

As crianças começam a desenvolver a linguagem no segundo ano de vida. A professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Rita de Cássia Leite avisa que as crianças a partir dos 2 anos que não apresenta essa forma comunicativa merecem atenção especial. “Elas podem estar com alterações de linguagem”.

O atraso da linguagem oral pode estar relacionado a surdez, deficiência mental, comprometimentos neurológicose ou outros fatores chamados de secundários. “Esse transtorno é mais facilmente identificado pela família ou pelo médico, pois apresenta sinais maiores, traços clínicos mais evidentes. São esses que chegam ao consultório mais cedo”, comenta a professora.

Por outro lado, os fatores primários, mais difíceis de serem diagnosticados, são chamados de Alterações Específicas do Desenvolvimento da Linguagem. “São crianças, em geral, com resultados de exames normais, mas que não conseguem desenvolver a linguagem oral conforme o esperado”, explica Rita de Cássia. Esse distúrbio pode atingir entre 5% a 10% das crianças.

Diagnóstico

A especialista chama a atenção para a necessidade de um diagnóstico até os dois anos de idade. Segundo ela,depois dessa idade, algumas habilidades podem ser mais comprometidas. “O prognóstico favorece uma intervenção terapêutica preventiva, bem planejada, segura e eficiente; evitando outras alterações tardias, como distúrbios de aprendizagem, desvios fonológicos e até mesmo alterações emocionais e sociais”.

Para uma identificação prévia, pediatras e pais devem abandonar as crenças e se atentar aos sinais reais das crianças. “Não devem simplesmente dizer que os meninos começam a falar depois das meninas, ou que irmãos mais novos começam a falar mais tarde em relação aos mais velhos. Esses fatores podem contribuir para uma variação normal, mas eles não deveriam ser usados para explicar o motivo pelo qual uma criança não alcança marcos essenciais”, ressalta a professora.

Orientações

A linguagem se divide em pré-linguística e linguística. A primeira consiste na troca comunicativa por meios não verbais, como o olhar e gestos, e acontece até 10 meses de vida. Já no período linguístico, que ocorre até os 24 meses, as crianças são capazes de formar frases de duas palavras como “mimi não” e “mamãe quero”. Com três anos, os pequenos apresentam vocabulário mais amplo e com mais elementos gramaticais.

Para o bom desenvolvimento da fala e da linguagem, a professora dá as seguintes dicas: “Manter interações comunicativas com seus filhos desde os primeiros meses de vida, falando com entonação diferenciada, ficar atentos aos sinais como gestos e expressões faciais, aproveitar as situações diárias (banho, alimentação) para nomear os objetos e levar as crianças para conhecerem outros ambientes em que terão uma diversificação linguística, como os parques”.

Desequilíbrio da flora intestinal afeta digestão e sistema imunológico

A ingestão de alimentos refinados, ricos em gordura e açúcar ou então industrializados contribui para uma série de problemas: ganho de peso, resistência baixa, cansaço, pele opaca e um sério desequilíbrio da flora intestinal chamado disbiose. A boa notícia é que a solução pode estar em seu prato! Afinal, diz o ditado popular que você é aquilo que come.

Uma pesquisa realizada no Reino Unido descobriu que, das doenças detectadas e diagnosticadas a cada ano, ao menos quatro são ocasionadas e relacionadas ao estilo de vida, como sedentarismo, má alimentação, obesidade, tabagismo e alcoolismo. Saber que quase metade das doenças – 45% nos homens e 40% nas mulheres – poderia ser prevenida faz com que alimentos saudáveis como frutas, cereais, peixes e legumes sejam colocados sob a mira do microscópio e estudados atentamente.

Com isso, diversos estudos descobriram que substâncias encontradas nos vegetais verde-escuros, frutas, verduras, peixes, óleos vegetais e cereais ajudam a prevenir, tratar e evitar o desenvolvimento de certas doenças. No entanto, o organismo deve estar preparado para receber esses nutrientes, e qualquer dificuldade da digestão e absorção destes pode causar sérios prejuízos ao organismo. Entenda melhor como isso pode acontecer:

Como nosso corpo absorve as vitaminas

É no intestino, já no fim da digestão, que é feita a síntese de algumas vitaminas (vitamina K e vitaminas do complexo B), importantíssimas para o bom funcionamento de nosso corpo e para a produção de energia. O intestino possui dez vezes mais bactérias e cem vezes mais material genético do que o número total de células do organismo, com funções de extrema importância. Uma flora intestinal equilibrada é capaz melhorar não só a digestão, como também a regulação do nosso sistema imunológico.

Quando ocorre um desequilíbrio entre as bactérias do intestino, acontece um fenômeno denominado disbiose, que ocorre quando há um predomínio de micro-organismos maléficos sobre os benéficos no órgão. Entre as possíveis causas da disbiose estão uma alimentação desbalanceada e rica em carboidratos refinados, açúcares, gorduras saturadas e baixa ingestão de fibras; ingestão excessiva de agrotóxicos; automedicação e uso elevado de antibióticos, anti-inflamatórios e antiácidos; e uso abusivo do álcool e do cigarro. A disbiose é um problema complexo, com diversas manifestações que precisam ser acompanhadas para não comprometer a qualidade de vida.

A presença de sintomas como indigestão, distensão abdominal, flatulência, obstipação e diarreia, especialmente após as refeições, indicam a necessidade de ficar atento ao equilíbrio da flora intestinal. Um intestino desequilibrado não é capaz de absorver de forma controlada e seletiva medicamentos ou suplementos nutricionais. Por conta disso, é necessário diagnosticar e tratar problemas da flora intestinal adequadamente, para que nosso corpo possa aproveitar os benefícios de uma alimentação repleta de nutrientes.

Como prevenir e tratar a disbiose

Para reestabelecermos a saúde da flora intestinal é preciso promover mudanças reais no estilo de vida, diminuindo os fatores estressantes e incluindo em seu dia a dia uma dieta balanceada, com alimentos que promovem a saúde, como os chamados alimentos funcionais e os probióticos.

O que evitar?

Alimentos ricos em gordura
– Alimentos industrializados
– Alimentos refinados e ricos em açúcar
– Uso indiscriminado de alguns medicamentos, como antibióticos e laxantes
– Álcool
– Tabagismo

No que investir?

– Legumes, verduras e frutas (frescas e orgânicas)
– Alimentos ricos em frutooligosacárides e inulina, encontrados nas fibras e cereais.
– Probióticos (alimentos enriquecidos com bactérias benéficas à flora intestinal, como iogurtes)
– Atividade física
– Aumento da ingestão de água

Escrito por Roberto Navarro Sousa Nilo
Nutrologia – CRM 78392/SP

Uso e abuso de antibióticos em pediatria

Uso e abuso de antibióticos em pediatria

Para se ter sucesso no tratamento da criança alérgica ou com sintomas que parecem alergia é importante que os pais entendam o que acontece nas vias aéreas dessas crianças. O que a alergia provoca no sistema respiratório é uma irritação. É importante salientar que se trata de uma irritação e não de uma infecção. No jargão médico, essa irritação é chamada de processo inflamatório. E inflamação é diferente de infecção! Com frequência, crianças alérgicas tomam antibiótico desnecessariamente, quando esta irritação é confundida com infecção.

Quais são os argumentos utilizados por pediatras para justificar a prescrição de antibiótico? Um argumento muito utilizado é a presença de febre. Mas está errado! Febre não indica necessariamente que é preciso dar antibiótico. Nos primeiros anos de vida, as crianças apresentam infecções virais com certa frequência. Nove em cada dez casos de febre em crianças abaixo de cinco anos estão relacionados com infecção viral – e vírus não se trata com antibiótico. O argumento de que a febre está muito alta, acima de 39ºC, também não justifica a prescrição de antibióticos. Podemos encontrar crianças com 39, 40 ºC de febre causada por um simples resfriado e não é raro termos crianças com 37,5 ºC que estão com meningite. Portanto, a intensidade da febre não indica necessariamente a gravidade do problema. Febre indica apenas que o organismo está reagindo a alguma coisa, o que pode ser um bom sinal.

Investigar antes de dar o antibiótico

Muito mais preocupante é aquela criança que está prostrada, abatida, sem se alimentar e fria, com hipotermia. Na maioria das vezes só devemos nos preocupar com a febre se ela persistir por mais de cinco a sete dias. Em uma infecção viral, a febre não deve ir além de uma semana. No entanto, lembramos que preocupar não necessariamente indica prescrever antibiótico. Preocupar indica investigar para avaliar se a criança realmente precisa desse tipo de medicamento. Crianças raramente têm febre que persiste por mais de sete dias. Quantas vezes seu filho teve febre por mais de uma semana? Muitas vezes se prescreve antibiótico, a febre melhora, e todos vão dormir tranquilos com a impressão de que o remédio está fazendo efeito. Na realidade, na maioria das vezes, estava na hora da febre ceder, independente do uso de antibiótico.

Outro argumento muito usado para essas prescrições é a presença de catarro. Quem nunca ouviu que catarro amarelo-esverdeado é sinal de infecção e que é preciso tomar antibiótico? Mais uma vez esse conceito é errado e antigo. Hoje sabemos que um simples resfriado pode apresentar catarro amarelo-esverdeado e não necessariamente indica a necessidade de prescrição de antibiótico. Nos Estados Unidos, a Academia Americana de Pediatria recomenda aos pediatras que só se preocupem com o catarro se ele persistir por mais de 10 a 15 dias, sem tendência de melhora. Portanto, não se justifica a prescrição de antibiótico na presença de secreção amarelo-esverdeada nos primeiros 10 dias. O antibiótico e a lavagem nasal com soro fisiológico levam ao mesmo resultado.

Atenção na interpretação de raios-X

A interpretação equivocada de raios-X também resulta na prescrição de antibiótico. Muitas vezes vemos crianças com diagnósticos de pneumonias ou sinusites baseados na interpretação errada de radiografias. Quem nunca ouviu o termo “princípio de pneumonia”? Pois princípio de pneumonia NÃO EXISTE. Quando se faz raios-X de tórax em crianças com tosse, peito cheio e chieira, essas radiografias podem vir alteradas e não necessariamente indicam a presença de pneumonia, muito menos a necessidade de prescrição de antibiótico.

O mesmo acontece com os raios-X dos seios da face. Quando se faz radiografia de seios da face durante uma gripe, quando a criança está com coriza, obstrução nasal e mucosa irritada, com o rosto inchado, em 90% das vezes os raios-X vão estar alterados. Isto não indica o diagnóstico de sinusite e muito menos a necessidade de prescrição de antibiótico. Portanto, alterações nas radiografias de seios da face ou de tórax não necessariamente indicam a presença de infecção bacteriana e necessidade de antibiótico.

A criança, na maioria das vezes, apresenta as vias aéreas irritadas e não infeccionadas. Uma das principais causas desta irritação é a alergia. No entanto, no meio ambiente, existe uma série de fatores que irritam as vias aéreas de qualquer pessoa, alérgicas ou não.

Em crianças com menos de cinco anos de idade, o que mais acontece é a irritação das vias aéreas causada por infecções virais. Quem nunca teve um resfriado e se viu com a garganta irritada, o nariz entupido, encatarrado, tossindo e com peito cheio? Muitas vezes, a infecção viral melhora, mas a irritação fica e a criança persiste com sintomas nasais, tosse e chieira por um tempo prolongado.

Cautela no uso de antibióticos

Nos primeiros cinco anos de vida, a criança tem, em média, 10 viroses por ano. Não se trata de fraqueza do organismo, nem de baixa resistência e muito menos falta de cuidado. Os primeiros anos de vida são um período em que crianças apresentam infecções virais que desencadeiam tosse, chieira e sintomas nasais recorrentes mantendo uma irritação das vias aéreas, estas infecções promovem a produção de anticorpos. Após o 5º ano de vida, a criança está com o sistema imunológico mais amadurecido e resistente, fazendo com que as infecções virais diminuam progressivamente.

Outros fatores presentes no ambiente, como poluição, mudança de tempo, cheiro forte, fumaça de cigarro e inseticida também podem piorar ou manter a irritação das vias aéreas. Salientamos que não existe alergia a cheiro, nem a mudança de tempo, ou poluição, mas esses são fatores que quando atuam numa via aérea já irritada desencadeiam ou mantêm os sintomas.

Em crianças, o fator irritante mais comum é a infecção viral. Por isto, para se ter sucesso no tratamento da criança alérgica é importante diminuir a irritação. O antibiótico não diminui esta irritação! Portanto devemos ser cautelosos e criteriosos na utilização de antibiótico em crianças. Estes medicamentos possuem inúmeros efeitos colaterais e com frequência deixam as bactérias mais resistentes e difíceis de serem vencidas.

Fonte: Departamento de Alergia e Imunologia da SBP