10 doenças comuns no verão

O calor e a umidade do verão brasileiro propiciam o surgimento ou o aumento do número de casos de algumas doenças sistêmicas e de pele.

“A combinação de sol, suor, água do mar ou da piscina e corpo mais exposto, devido ao uso de menos roupas, faz com que haja uma maior suscetibilidade a males que no resto do ano não são tão recorrentes. Além disso, o clima é propício para a proliferação de vetores de doenças, como os mosquitos, e de agentes etiológicos, como fungos e bactérias”, explica Joana D’arc Gonçalves, infectologista da Aliança Instituto de Oncologia.

Com medidas de autocuidado, como atenção à alimentação e à hidratação, busca por informação correta sobre saúde e manutenção de bons hábitos de higiene e uso responsável de medicamentos, é possível evitar ou minimizar os danos de tais condições.

A infectologista Joana, o clínico geral Luiz Henrique Gonçalves Palma, do Hospital São Luiz Jabaquara, e a dermatologista Valeria Stagi, do Hospital Oeste D’Or, elencam as doenças mais comuns no verão e esclarecem o que cada um de nós pode fazer no dia a dia para evitá-las.

Micoses

“Micoses são causadas por fungos, que gostam de ambientes quentes e úmidos para se proliferar. O verão é o momento ideal para isso”, afirma Luiz Henrique. As micoses mais comuns são as frieiras entre os dedos dos pés e a dermatofitose, que acomete áreas de dobras, especialmente na virilha, nas axilas e no pescoço. Suas características são o surgimento de manchas brancas ou avermelhadas e a intensa sensação de coceira no local.

A melhor maneira de evitar as micoses é tendo o cuidado de manter a pele sempre seca. Ao sair da piscina ou do mar, enxugar bem o corpo com uma toalha limpa e, se possível, trocar o biquíni, maiô, sunga ou bermuda que estiver usando por peças secas. Se o problema for suor, o ideal é retirar o excesso de umidade da pele com lenços de tecido ou de papel e dar preferência às roupas de tecidos naturais, como o algodão, que permitem que a pele “respire”.

Caso as micoses surjam, elas podem ser tratadas com talcos e cremes ou pomadas antifúngicos, facilmente encontrados em farmácias. O auxílio médico é importante para ter certeza do diagnóstico. Além disso, se os sintomas persistirem após o uso dos produtos, o médico deve ser consultado.

“Micose de praia”

A pitiríase versicolor, também chamada de micose de praia, é causada por fungos e caracterizada por pintinhas brancas no corpo, principalmente nas costas.

O calor e a umidade levam à condição, mas há um fator genético envolvido. É o que conta a dermatologista Valeria: “Tem que ter a predisposição natural para desenvolver pitiríase versicolor. Clima quente e úmido faz com que ela apareça, mas apenas em determinadas pessoas. É por isso que algumas jamais manifestam a doença, enquanto outras se deparam com ela verão após verão. O fungo ‘gosta’ de um determinado tipo de pele”.

Por ser genética, é difícil evitar a pitiríase versicolor, mas é possível lidar com ela com tranquilidade a partir do momento em que se sabe o que é. O tratamento é feito com antifúngico tópico ou oral. Um dermatologista pode indicar como ele deve ser administrado, porque, como Valeria destaca, “a área da pele afetada é maior do que a área das manchas”.

Desidratação

O suor e a exposição ao sol (mesmo que não haja sudorese aparente) fazem o corpo perder muito líquido no verão. Na correria do dia a dia ou no ânimo da curtição na praia e na piscina, muitos não se dão conta disso e acabam ficando desidratados a ponto de precisar recorrer a um serviço hospitalar de emergência para se recuperar.

Isso pode ser evitado com um autocuidado muito simples: beber água, muita água. Os especialistas recomendam a ingestão de pelo menos três litros ao longo do dia no verão e nos dias mais quentes das outras estações do ano.

Insolação

A exposição excessiva e desprotegida ao sol, especialmente nos horários em que seus raios ultravioletas estão mais fortes (das 10h às 16h), pode levar à isolação. Seus sintomas são o aumento da temperatura corporal – que pode chegar a 40°C -, febre, náuseas, diarreia e vômitos.

Evitar a insolação é muito fácil. Basta se proteger adequadamente do sol, com chapéus ou bonés e roupas que cubram boa parte do corpo, e evitar ficar sob ele nos horários críticos. Manter-se bem hidratado também é fundamental.

Queimaduras

Mais uma vez, a exposição desprotegida ao sol é a grande vilã do corpo no verão. As queimaduras ocorrem pela falta do uso do protetor solar e por permanecer sob o sol das 10h às 16h, horários de maior incidência dos raios UVA e UVB.

Dependendo do grau de exposição, as queimaduras podem ser de primeiro grau, caracterizadas pela vermelhidão da pele, e de segundo grau, quando surgem bolhas. Também há as fitofotodermatoses, que são manchas escuras causadas pela combinação de caldo de limão (ou outra fruta cítrica) ou perfume sobre a pele e exposição ao sol.

O protetor solar e a higienização correta da pele são seus melhores amigos para as queimaduras não terem vez. Em creme ou loção, o protetor deve ser aplicado sobre a pele diariamente, mesmo que você vá ficar em seu dia a dia normal de trabalho, já que os raios do sol estão presentes em todos os lugares, e reaplicado a cada duas horas.

Além disso, quando precisar lidar com limão, deve lavar muito bem as mãos e o rosto após o contato. E nunca passe perfume para ir à praia ou à piscina.

Intoxicação alimentar

Os agentes causadores da intoxicação alimentar – bactérias, vírus e parasitas – também têm preferência pelo clima quente para se proliferarem. Eles se instalam com mais facilidade em carnes cruas ou brancas (peixe e frango) e ovos, mas se espalham rapidamente pelos outros alimentos no calor. Seus sintomas são náuseas, cólicas estomacais, vômito e diarreia.

“Para evitar uma intoxicação alimentar, é preciso ter bastante cuidado ao comer no verão, principalmente fora de casa”, adverte Joana. “Os fatores a serem analisados ao ir a um restaurante por quilo, por exemplo, são o tempo de exposição da comida e quantas pessoas já passaram por ela. É normal que conversem enquanto fazem seus pratos na fila, espalhando os agentes de contaminação sobre os alimentos. Se der para evitar ir ao local depois de muitas horas que ele estiver aberto, é melhor”, completa. E, em casa, ter o cuidado de sempre manter os alimentos bem acondicionados e refrigerados.

Bicho geográfico

A Larva migrans, também conhecida popularmente por bicho geográfico, é uma doença que vai deixando um risco irregular pelo corpo, como se fosse o contorno de um mapa – daí seu apelido popular.

A forma mais comum de pegar bicho geográfico é pelo contato de uma frieira ou ferida com a areia contaminada por larvas presentes nas fezes do cão ou do gato. Seu tratamento é simples, feito com o uso de uma pomada antiparasitária controlada (com tarja vermelha).

Prevenindo frieiras e feridas, evita-se o bicho geográfico, pois com a pele íntegra não haverá porta de entrada para a larva. E, se você for dono de cães e gatos, procure levá-lo regularmente ao veterinário para certificar-se de que o animal não tenha parasitas.

Dengue

Ano após ano, a dengue é uma preocupação no Brasil. O mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão da doença, gosta de água parada para botar seus ovos e desenvolver suas larvas. Como nosso verão é bastante chuvoso, a formação de poças e o acúmulo de água em locais como pratinhos de plantas e pneus vazios é recorrente – e um convite para o Aedes.

Os bons hábitos de higienização são a melhor prevenção contra a dengue. Nenhuma água parada deve ser tolerada, tudo deve ser seco após chuvas ou banhos de mangueira. Nos tratos pessoais, Joana recomenda: “Use roupas leves e claras, porque o mosquito tem preferência por tecidos escuros, e passe repelente em todo o corpo”.

Otite

Após mergulhos no mar ou na piscina, o conjunto auditivo molhado facilita a entrada de bactérias e vírus causadores da otite, uma infecção que provoca dor de ouvido e, em casos mais severos, febre e vômito.

O ideal para evitá-la é usar protetores auriculares ao entrar na água. Como nem sempre isso é possível, deve-se secar a região com cotonetes assim que sair do mar ou da piscina, tornando a região menos amistosa aos agentes.